A relação entre humanos e seus animais de estimação é profundamente significativa. Para muitas pessoas, os pets são mais do que simples companheiros; são membros da família, fontes de conforto, alegria e conexão emocional. Quando um animal de estimação falece, a dor sentida pode ser tão intensa quanto a perda de um ente querido humano. No entanto, o luto pelos pets muitas vezes não é reconhecido socialmente, o que pode dificultar o processo de elaboração da perda.
A singularidade do vínculo humano-animal
Há diversos estudos que mostram que a relação que temos
principalmente com gatos e cães remonta de séculos atrás. Para muitas culturas,
eles representavam inclusive, deuses importantes de se venerar.
O vínculo entre humanos e animais de estimação é único. Pets
oferecem amor incondicional, companhia e um senso de propósito. Eles estão
presentes em momentos de alegria e tristeza, tornando-se testemunhas de nossas
vidas. Para muitas pessoas, especialmente aquelas que vivem sozinhas ou
enfrentam desafios emocionais, os animais de estimação assumem um papel central
em seu bem-estar psicológico.
Há vários benefícios para a nossa saúde em adquirir um
animal de estimação, como diminuição dos fatores de risco para doenças
cardíacas e o favorecimento do exercício de atividades físicas que ocorrem pelo
simples fato de levar o animal para caminhar, além das vantagens emocionais
citadas anteriormente.
De acordo com o artigo de 2019 de Márcia Núbia Fonseca
Vieira, ela discorre sobre o luto entre tutor de pet e traz considerações
interessantes: a primeira diz respeito ao fator infância, ou seja, crianças que
cresceram com um animal de estimação, adquirem mais facilidade de desenvolver
vínculos afetivos fortes na vida adulta; outra consideração importante é a “antropomorfização
dos animais”, é acontece quando tratamos o animal como um bebe humano.
Esse vínculo é construído ao longo de anos de convivência,
cuidados e experiências compartilhadas. Quando o pet falece, a perda pode
desencadear uma série de emoções, como tristeza, culpa, raiva e até mesmo alívio
(em casos de doenças prolongadas). Esses sentimentos são naturais, mas muitas
vezes são subestimados ou minimizados por aqueles que não compreendem a
profundidade da relação.
O luto não reconhecido
Um dos maiores desafios do luto pelos pets é a falta de
reconhecimento social. Frases como "era só um animal" ou "você
pode arrumar outro" podem invalidar a dor de quem está enlutado. Essa
falta de validação pode levar a sentimentos de isolamento e dificultar o
processo de luto.
É importante entender que o luto é uma resposta natural à perda de um vínculo significativo, independentemente de ser humano ou animal. A dor sentida é real e merece ser reconhecida e respeitada. Ignorar ou reprimir esses sentimentos pode levar a complicações emocionais, como depressão, ansiedade ou abuso de substâncias.
O luto pelos pets
Assim como no luto pela perda de pessoas, o luto pelos pets
pode passar por diferentes fases, que incluem: tristeza, vazio, solidão e
saudade. É importante respeitar essas fases, até que aceitação pelo acontecimento
ocorra e a pessoa possa reorganizar a vida sem a presença do animal de estimação.
Também é fundamental esclarecer que essas fases não são
lineares e podem variar de pessoa para pessoa. Cada indivíduo vivencia o luto
de maneira única, e não há um "tempo certo" para superar a perda.
Estratégias para lidar com o luto
1. Valide seus sentimentos: Reconheça que sua dor é legítima
e permita-se sentir as emoções sem julgamento. Escrever sobre seus sentimentos
ou conversar com alguém que compreenda sua perda pode ser terapêutico.
2. Faça um ritual de despedida: Realizar um ritual como um
funeral ou a criação de um memorial, pode ajudar a processar a perda e honrar a
memória do pet.
3. Busque auxilio do seu ciclo social: Compartilhar sua dor
com amigos, familiares ou grupos de apoio pode aliviar o sentimento de
isolamento.
4. Cuide de si mesmo: O luto pode ser fisicamente e
emocionalmente exaustivo. Priorize o autocuidado, mantendo uma rotina saudável
e buscando atividades que tragam conforto.
5. Considere ajuda profissional: Se a dor se tornar
esmagadora ou persistente, buscar a ajuda de um psicólogo pode ser fundamental.
A terapia pode oferecer um espaço seguro para explorar e processar as emoções
relacionadas à perda. Comigo, o paciente terá total acolhimento e auxilio para
passar pelo processo da melhor forma possível.
Conclusão
O luto pelos pets é uma experiência profundamente pessoal e
válida. Reconhecer a importância desse vínculo e permitir-se vivenciar a dor da
perda, são passos essenciais para a elaboração do luto. Através do autocuidado,
do apoio social e, quando necessário, da ajuda profissional, é possível
encontrar um caminho para seguir em frente, carregando consigo as memórias
afetivas que tornaram a relação com o pet tão especial.
A perda de um animal de estimação é uma oportunidade para
refletir sobre o amor incondicional que eles nos oferecem e sobre a importância
de valorizar cada momento ao lado deles. Afinal, o luto é, em última análise,
um reflexo do amor que compartilhamos.
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