A psicoterapia, apesar de ser amplamente reconhecida como uma ferramenta eficaz para o bem-estar mental, ainda é cercada por diversos mitos que podem dissuadir pessoas de procurarem ajuda profissional. Vou discorrer sobre quatro desses mitos que eu mais presencio em minha trajetória profissional e esclarecer o que realmente acontece durante o processo terapêutico.
1. Quem procura é louco ou fraco
Um dos mitos mais conhecidos sobre psicoterapia é o estigma de que apenas pessoas "fracas" ou "loucas" procuram ajuda psicológica. Na realidade, buscar terapia é um sinal de força e autocompaixão. Todos nós enfrentamos desafios emocionais em diferentes estágios da vida, e procurar um psicólogo é uma forma corajosa de enfrentar esses desafios e buscar crescimento pessoal.
2. O psicólogo não fala nada, só fica olhando
Existe a ideia equivocada de que sessões de terapia são silenciosas e o psicólogo apenas observa o paciente. Na verdade, a psicoterapia é um processo colaborativo, no qual o psicólogo utiliza uma variedade de técnicas para facilitar o diálogo e o entendimento mútuo. Embora haja momentos de reflexão silenciosa, o psicólogo está ativamente envolvido, fazendo perguntas, oferecendo insights e fornecendo apoio ao longo do caminho, mas sempre tendo em mente que o protagonista é o paciente e não o profissional!
3. A terapia só foca no sofrimento
Outro mito comum é pensar que a psicoterapia se limita a reviver e focar apenas nos momentos dolorosos do passado. Embora seja verdade que a terapia explore aspectos emocionais difíceis, o objetivo final é promover o bem-estar e o crescimento pessoal. Os psicólogos trabalham não apenas para resolver problemas imediatos, mas também para ajudar os clientes a desenvolver habilidades para lidar com desafios futuros de forma mais eficaz.
Isso também não impede que algumas sessões sejam focadas em conquistas, lembranças boas e até mesmo, momentos mais descontraídos.
4. Uso medicação, então não preciso da psicoterapia
Alguns indivíduos acreditam que a medicação por si só é suficiente para tratar problemas emocionais e que a psicoterapia não é necessária. Embora a medicação seja útil em muitos casos, especialmente para transtornos mentais mais graves, a psicoterapia desempenha um papel crucial no processo de cura emocional. Ela ajuda a explorar padrões de pensamento, comportamento e emoções que podem estar contribuindo para o sofrimento emocional e oferece suporte emocional contínuo que a medicação por si só não pode fornecer.
Como psicóloga atuante, sinto muitas vezes na obrigação de sempre levantar a bandeira de que a psicoterapia serve para muitos propósitos e vem se atualizando a medida que a sociedade fica mais complexa e a medicina avança.
Reconhecer a coragem envolvida em procurar terapia, entender o real papel do psicólogo no processo, reconhecer o foco no crescimento pessoal e compreender que a terapia complementa, mas não substitui, a medicação são passos importantes para promover uma visão mais precisa e acolhedora da psicoterapia.
Se você está considerando a terapia, lembre-se: é um passo positivo em direção ao autocuidado e ao desenvolvimento pessoal. Não hesite em procurar um profissional qualificado que possa apoiá-lo em sua jornada de saúde mental e bem-estar emocional.
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